domingo, 24 de julho de 2016

Tropeiros, queijo e quiche!

Conheço poucas pessoas que não apreciam queijo. Eu, pelo menos, adoro! Mas não qualquer queijo. Tem que ser especial, tipo aquele queijinho minas super fresco que se compra na feira livre ou o queijo parmesão que vem dentro de um cesto, carregado por uma mulinha que atravessa a Serra da Mantiqueira. 

Pois é. Este queijo, que chamamos aqui carinhosamente de "queijo da mulinha", é o meu preferido. Não só por causa do sabor, que é maravilhoso, mas também por conta de tudo o que há por trás da produção dessa delícia!


Quem visita a região de Visconde de Mauá, Maringá e Maromba, no estado do Rio de Janeiro, eventualmente vai se deparar com os tropeiros da Serra da Mantiqueira e suas simpáticas mulinhas. São eles os responsáveis por fazer chegar às pequenas vendas e pousadas da região, e também aos moradores, o queijo artesanal produzido nas terras altas da Serra (cerca de mil metros de altitude, veja bem!), nas divisas entre os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. É importante frisar que a receita do queijo da Mantiqueira é a mesma desde meados do século XIX, o que torna tudo ainda mais especial.

Sempre trago de lá pelo menos 1kg de queijo e olha, não vou mentir: dura pouco. Quando está quase no finzinho logo tratamos de providenciar mais 1kg. Ficar sem nosso queijinho? De jeito nenhum!

Quem vive por aquelas bandas sabe que os moradores de lá consomem este parmesão derretido na chapa do fogão à lenha ou no popular "arroz com queijo": quando o arroz está quase pronto, colocam-se fatias de queijo dentro da panela e aí é só aproveitar!

Eu poderia escrever um monte sobre o parmesão da Mantiqueira, mas prefiro deixar os links de uma bela matéria, feita pelo jornalista Nelson Araújo e exibida no programa Globo Rural, sobre os tropeiros do parmesão.

Parte I


                                          
                                                                          Parte II

                                                                         Parte III

                                                                         Parte IV

Aqui em casa, o queijo da mulinha vira recheio de queijo quente, pão de queijo, petisco. É comido puro também, acompanhado por um café bem quente e adoçado com açúcar mascavo. E, claro, é a estrela das massas: vai bem com macarrão, gnocchi, lasanha e até sobre caldos e sopas.
Da última vez, entretanto, o parmesão da Mantiqueira virou recheio de uma quiche deliciosa, cuja receita passo logo abaixo:

Quiche de Cebola e Alho Poró com Alecrim e Parmesão






Para esta receita usei dois tipos de cebola: a branca e a roxa, só pra ficar mais bonito e colorido. Você pode usar só um tipo de cebola, se quiser.

Para a massa:

2 e 1/2 xícaras de farinha de trigo
100g de manteiga
1/2 colher (chá) de sal
1 ovo
2 colheres (sopa) de água fria

Numa tigela, adicione todos os ingredientes e misture com as pontas dos dedos até obter uma farofa. Comece a sovar a massa até que fique homogênea. Modele uma bola com a massa e forre o fundo e as laterais de uma fôrma de fundo removível (20 cm de diâmetro). Para abri-la, pode-se usar as mãos em vez do rolo. 
Leve a fôrma forrada com a massa à geladeira e comece a preparar o recheio.

Para o recheio:
1 alho poró grande 
1 cebola grande (roxa ou branca, ou metade de cada uma)
1 colher (sopa) de alecrim fresco picado
1 colher (sopa) de azeite
100g de queijo parmesão picado em cubos
4 ovos
400g de creme de leite
Sal e noz-moscada a gosto

Corte o alho poró em rodelas finas e a cebola em meia-lua. Refogue com o azeite, em fogo médio, por cerca de 5 minutos, mexendo sempre. Junte o alecrim e refogue por mais 3 minutos. Tempere com sal, desligue o fogo e reserve.

Preaqueça o forno a 180°C. 

Numa tigela, junte o creme de leite, os ovos e misture bem com um garfo ou um fouet, até ficar homogêneo. Tempere com o sal e a noz-moscada.

Retire a fôrma da geladeira. Distribua o alho poró e as cebolas na fôrma, de forma que todo o fundo fique coberto. Coloque os cubos de queijo. Em seguida, despeje cuidadosamente a mistura de ovos e creme de leite. 

Leve ao forno pré-aquecido e deixe assar por aproximadamente 30 minutos ou até que a superfície esteja dourada. Sirva.

Intenso e delicioso!
Inté! :)




terça-feira, 19 de julho de 2016

Chocolate inalável? Prefiro mousse!



Apesar de antiga, essa notícia me deixou Barbie na caixa!
Que tem muita gente viciada em chocolate não é novidade pra ninguém. Eu mesma já tive minha fase chocólatra e que atire a primeira pedra quem nunca se lambuzou com essa delícia dos deuses! Mas este vício, como qualquer outro, também tem suas consequências -- ou seja, paga-se um preço pelo prazer, e na maioria das vezes o pagamento é  ver o ponteiro da balança subir com pressão. 


'Inalar' chocolate? Errr...não, obrigada!
Pensando nisso, um professor da Universidade de Harvard, chamado David Edwards, criou em 2009 um 'chocolate inalável' que chegou ao mercado em quatro sabores (chocolate, chocolate com menta, chocolate com framboesa e chocolate com manga). A ideia é até bem simples: um inalador com uma latinha acoplada e, dentro dela, o intenso sabor do chocolate com baixíssimas calorias.

Na época, o criador do "Le Whif" justificou a invenção dizendo que, a seu ver, os seres humanos, ao longo dos séculos, têm comido cada vez menos e em intervalos cada vez menores. "Me parece que o ato de comer está ficando mais e mais próximo da respiração. Então, com uma mistura de arte gastronômica e ciência aerosol, estamos ajudando os hábitos alimentares a chegarem à sua conclusão lógica", chegou a escrever em seu site. 

Em abril de 2009, o "Le Whif" chegou a ser comercializado em Paris, na França, por 3 euros (cerca de R$ 9, naqueles tempos). No site, a cartela com três inaladores saía a um preço mais em conta: 1,80 euro.


Joguei no Google para saber se a ideia 'pegou'. Ao que tudo indica, não. Óbvio. Afinal, quem é que vai abrir mão de saborear um delicioso chocolate para 'aspirar' o aroma do doce? O site da empresa responsável pelo produto (Le Laboratoire , do professor, cientista e escritor David Edwards) continua no ar, mas não sei se o chocolate inalável ainda é comercializado. 

Prefiro comer a inalar comida (que frase estranha!), e aposto que você também, não é?

Então dá uma olhadinha nessa...

E essa xícara antiguinha que peguei emprestada da cristaleira da mamãe? <3 

...Mousse de Chocolate 


Pra 'variar' um pouco (sqn): simples, barata, fácil e rápida. E leve. Dá vontade de comer pra sempre!
Há outras receitas mais elaboradas no meu caderninho, mas esta é a minha preferida justamente por ser prática. 

200g de chocolate meio amargo
200g de creme de leite
3 claras em neve (picos firmes)
1 pitada de sal
1/2 colher (chá) de essência de baunilha

Pique o chocolate e junte num bowl com o creme de leite, o sal e a essência de baunilha. Leve para derreter em banho-maria, sem deixar o fundo do bowl encostar na água. Misture bem e deixe esfriar.
Bata as claras em neve até que tenham picos firmes. Despeje no bowl onde está o chocolate e envolva delicadamente, até que a mistura fique homogênea. Leve à geladeira por, no mínimo, 2 horas.

Diz aí: não é muito melhor que 'cheirar' chocolate? Haha

Inté! :)

sábado, 16 de julho de 2016

Lembranças, Cora Coralina e Milho Verde

Uma das lembranças que trago de menina é a da minha avó materna lendo para mim, pela enésima vez, a história do Prato Azul Pombinho, do livro 'Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais', de Cora Coralina.

Eu chorava toda vez.
Mas pedia de novo. E de novo. E de novo. 
E pedia pra que me lesse, também, o poema "Antiguidades", que falava sobre um bolo "econômico, como tudo, antigamente. Pesado, grosso, pastoso. Por sinal que muito ruim". Ficava imaginando que o bolo deveria ser muito bom, isso sim, pra causar tanta gastura e ansiedade numa criança como foi a pequena Cora e como era eu, também, a ouvir suas lembranças em forma de poesia.

E assim minha avó me leu o livro inteiro, várias vezes.

Depois de adulta, confesso, poucas vezes o li.

Mas continuei a gostar de Cora Coralina, pseudônimo da goiana Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1889-1985), poetisa, contista e considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras. Cozinheira de mão cheia e doceira de profissão, Cora teve seu primeiro livro publicado em 1965, quando tinha quase 76 anos de idade.

Como viveu a maior parte de sua vida longe dos centros urbanos, produziu uma obra poética rica -- ainda que distante dos modismos literários --, retratando o cotidiano do interior brasileiro, principalmente o dos becos e ruas históricas de sua querida Goiás.

 Cora Coralina <3

Pincei, para a receita de hoje, um poema especial da Cora.
Chama-se Poema do Milho. Clique aqui para ler.
Sem muitas palavras minhas, pois muitas (e infinitamente melhores) são as dela, sigamos com a receita de hoje!

Uma fatia deliciosa!
A toalha de mesa que pertenceu à minha avó :)

Bolo Pamonha

Para esta receita, dividi a massa em duas assadeiras. Não quis um bolo alto, mas dois bolos baixinhos. Se quiser, pode colocar numa assadeira só.

2 latas de milho verde sem a água
200 ml de leite de coco
1 lata de leite condensado
1 xícara de leite
1 colher (sopa) de manteiga
3 ovos
100g de coco ralado
1/2 xícara de fubá
1 colher (sopa) de fermento em pó

Bata todos os ingredientes no liquidificador, começando pelo milho e líquidos.
Transfira para uma assadeira untada e polvilhada com fubá, e asse em forno pré-aquecido a 180°C até passar no teste do palito.
Ao contrário de outros bolos, este leva um pouco mais de tempo para ficar pronto. No meu forno levou cerca de 60 - 65 minutos. Este é um bolo 'pesado', mas úmido e muito saboroso!

Inté! :)



Se as crianças cozinhassem + Chop Suey

Depois do Food Network, meu canal preferido na Sky é o Sundance Channel. Quer dizer que sou hipster-cult-diferentona? Ui, longe disso! É que às vezes é interessante assistir a filmes cujas narrativas diferem um pouco da velha fórmula róliudiana do 'felizes para sempre'. Há diretores e roteiristas maravilhosos fora do mainstream e penso que vale muito a pena conhecer o trabalho desses profissionais.

O diretor Tze Chun.
Para quem não sabe, o Sundance Channel foi fundado pelo ator Robert Redford e busca oferecer ao público uma seleção bastante diversificada de filmes independentes premiados, além de documentários e produções originais. Tem ligação direta com o Sundance Film Festival, o maior evento de cinema independente dos EUA, que dá visibilidade a novos trabalhos de cineastas do mundo inteiro. Muitos dos filmes do festival são vistos exclusivamente, e pela primeira vez, no Sundance Channel -- isso explica o motivo de muitos deles não serem tããão conhecidos do grande público. 

Um dos que o canal exibiu recentemente foi o ótimo "Children of Invention" (2009), filme de estreia do jovem diretor norte-americano Tze Chun. Apresentado em mais de 50 festivais de cinema, "Crianças Engenhosas" (título em pt-br) abocanhou nada menos que 17 prêmios. 


O filme conta a história de duas crianças que vivem com a mãe, a imigrante Elaine Cheng (interpretada pela atriz Cindy Cheung), no subúrbio de Boston. Lidando com as dificuldades de ser imigrante e não ter dinheiro, Elaine acaba se envolvendo em um esquema de pirâmide, atraída pela possibilidade de conseguir dinheiro rápido. Mas as coisas se complicam quando Elaine é presa pela Polícia e seus dois filhos, que vivem num apartamento-modelo, acabam entregues à própria sorte.

A história aborda com delicadeza a relação desses filhos com a mãe, que, desesperada para conseguir dinheiro e oferecer a eles uma vida mais confortável, acaba sacrificando o bem-estar das crianças. Fazer invenções -- como um talher 'automático' para comer macarrão, por exemplo -- é a saída que elas encontram para lidar com o tédio.

E o que tem a ver com a receita de hoje?

Bom, em uma parte do filme, as crianças precisam comer e acabam recorrendo ao popular cup noodles de microondas -- um miojo metido a besta, com altíssimos teores de sódio, carboidrato e gordura saturada. Deu um baita nervoso porque me lembrou minha época de faculdade; morando em outra cidade, sozinha, muitas vezes recorri ao miojo. Recorri tanto que atualmente só o cheiro me dá arrelia!

Fiquei pensando que toda criança deveria aprender a cozinhar. Obviamente que as receitas devem ser de preparação simples e segura, adequada à idade dos pequenos. Quer uma coisa simples, fácil, saudável e barata que uma criança de 11 ou 12 anos -- idade aproximada do garotinho do filme -- pode fazer tranquilamente?

Chop Suey Super Simples!


Não tem mistério, não. 
Chop Suey, prato de origem chinesa, nada mais é que "pedaços misturados" -- esta é a tradução literal. Consiste de carnes (frango, porco, bife ou camarão) cozidas rapidamente com legumes e envoltas em um molho engrossado com amido. Só isso.

Tradicionalmente, os legumes utilizados na preparação do Chop Suey são o repolho, o aipo e o feijão-da-china (conhecido no Brasil como feijão rajado). Por aqui, é comum vermos outros tipos de vegetais acrescentados ao prato, como couve-flor, brócolis, pimentões, acelga (aprecio um bocado!) e cenouras. Na verdade, tanto faz: havendo legumes, carne e molho, tá tudo certo! 

Para este prato, peguei o que eu tinha na geladeira: bife de alcatra, cenouras, vagens, cebolas e tomate.

1/2 kg de alcatra cortada em pedaços pequenos
2 dentes de alho picados
2 cm de gengibre fresco ralado
1/2 xícara de shoyu 
3 colheres (sopa) de água
1/2 pimenta dedo de moça picada bem fininha (opcional. Se for usar, tire as sementes)
2 cebolas médias cortadas em pétalas
2 cenouras grandes em rodelas
1 tomate grande picado
20 vagens picadas
1 colher (sopa) de amido de milho
Sal
Óleo 

Junte a carne com o alho, a pimenta, o gengibre e o shoyu. Reserve.
Numa wok (se não tiver, ok, use uma frigideira grande que tá tudo certo), coloque o óleo e frite a carne aos poucos. Na vasilha onde estiver o shoyu com o alho, o gengibre e a pimenta, junte o amido de milho e misture. Reserve.
Quando a carne estiver frita, tire da frigideira e coloque em um prato. Reserve.
Na frigideira, refogue os demais legumes até que fiquem al dente (o ideal é que sejam refogados separadamente, mas a ideia aqui é tornar a receita ainda mais simples e rápida). Corrija o sal. Reserve em um prato separado.
Na mesma frigideira, junte a mistura de shoyu e amido, a água, e mexa até engrossar um pouco. Corrija o sal.
Junte os legumes, a carne, e envolva no molho. 
Cubra com cebolinha picada e sirva com arroz branco.

Inté! :)