A Netflix geralmente me deixa desgraçada da cabeça porque uma vez lá, não saio. Pois é. Perdi a conta das madrugadas que virei em claro, ansiosa em saber o que acontece no próximo episódio do seriado preferido e, sim, são vários. Atualmente estou encantada com "Chef's Table", produção original da Netflix e que traz o brasileiro Alex Atala na segunda temporada. Mas "Chef's Table" é assunto para outro post. Hoje, vou falar de "Cooked".
Baseado no livro "Cozinhar, Uma História Natural da Transformação" (Editora Intrínseca), do jornalista norte-americano Michael Pollan, o documentário busca provocar as pessoas a pensar sobre o que comem: de onde vem o que está à mesa? Composta por quatro episódios de aproximadamente 45 minutos cada, a série propõe uma reflexão sobre a indústria alimentícia e mostra a importância de botar a mão na massa, literalmente, dando valor à simplicidade e aos produtos frescos (confesso que há tempos tenho fugido tanto quanto posso dos alimentos processados e industrializados, e "Cooked" só fez confirmar que, sim, estou no caminho certo).
Cada episódio é dedicado a um dos quatro elementos da Natureza -- água, terra, fogo e ar. No capítulo Água, por exemplo, Pollan vai à Índia mostrar como a comida processada está invadindo os lares do país, levando famílias a pedirem comida no KFC, por exemplo, quatro vezes por semana e afastando as pessoas da cozinha e de sua própria cultura, uma vez que o padrão alimentar de cada povo faz parte, também, de sua história. O jornalista, muito cirúrgico em seus apontamentos, lembra que o que nos alimenta é a Natureza, não a indústria, e que só conseguimos perceber isso quando deixamos a comida pronta de lado e voltamos à cozinha, para fazer tudo do zero.
Um dos episódios que mais me marcou foi o dedicado ao Fogo, em que Michael Pollan vai à Austrália conhecer o churrasco aborígene, uma tradição que sobrevive a duras penas graças ao empenho de australianos nativos. A simplicidade dos aborígenes ao cozinhar encanta, é pura ancestralidade!
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Cena do episódio "Fogo". O documentário "Cooked" está disponível na Netflix |
Vale a pena assistir aos episódios e, quem sabe, tomar um posicionamento diante do que o jornalista nos mostra. Nos EUA e em alguns países da Europa, a rejeição à comida processada e a valorização de alimentos frescos tem se tornado uma tendência (quem não se recorda do chef britânico Jamie Oliver e de seu eterno embate com escolas que insistem em empurrar comida processada às crianças?), ao passo em que países em desenvolvimento, pelo contrário, começam a dar as costas à alimentação natural e a abraçar com entusiasmo as 'novidades' da indústria. Quer dizer, é mesmo algo a se pensar, não é?
AGORA, UMA CANECA DE LEITE DOURADO!
Leio e pesquiso muito sobre ingredientes, pratos tradicionais, alimentação alternativa etc e tal. Numa dessas, cheguei à receita do Leite Dourado, que de uns tempos pra cá, por causa de suas propriedades medicinais, começou a ficar tão 'festejado' quanto o chá de hibisco já foi. Só que o Leite Dourado (também conhecido como Tumeric Golden Milk) não é nenhuma poção mágica -- seus efeitos são benéficos, mas para que possam ser absorvidos totalmente é preciso que haja um certo estilo de vida. Não adianta tomar, achar que vai ser a cura para todos os males do corpo e continuar se entupindo de junk food (comida calórica e de baixo valor nutritivo).
Mas, creiam-me: o Leite Dourado é uma delícia! Esquenta e ainda leva dois dos temperos que eu mais amo nessa vida: pimenta-do-reino e cúrcuma, também conhecida como açafrão-da-terra.
Tradicional da medicina ayurvédica, a bebida é uma mistura de especiarias, leite e mel. Receitas existem aos montes; algumas levam baunilha, outras não. Há quem ferva a raiz ou o pó com o leite e há quem faça uma pasta básica de cúrcuma e pimenta, que dura cerca de 20 dias na geladeira.
Pela praticidade de ter uma pasta à mão para dissolver no leite quente a qualquer hora, escolhi esta receita:
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Pasta de Cúrcuma pronta |
PASTA DE CÚRCUMA
1/4 de xícara (chá) de cúrcuma em pó
1/2 colher (chá) de pimenta preta moída
1/2 xícara (chá) de água
Leve todos os ingredientes ao fogo médio, mexendo bem. Quando a mistura se tornar uma pasta lisa (o que não demora muito, fique atento!), desligue o fogo e deixe esfriar. Guarde num recipiente de vidro limpo e seco, e mantenha na geladeira.
Feito isso, agora sim, vamos à receita do Leite Dourado!
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Leite Dourado pronto, com um pãozinho do lado porque né? XD |
LEITE DOURADO
1 xícara (chá) de leite
1/2 colher (chá) de pasta de cúrcuma (eu ponho um pouco mais...)
Temperos a gosto: gengibre, cravo, canela, cominho, cardamomo etc.
Mel para adoçar
1 colher (chá) de óleo de coco (opcional, mas o óleo ajuda na redução do colesterol e reforça o sistema imunológico)
Misture todos os ingredientes numa panela, exceto o mel. Leve ao fogo mexendo sempre, para não grudar. Um pouco antes de levantar fervura, desligue o fogo. Coe para retirar algum pedacinho de pasta que não tenha se dissolvido, adoce com mel e sirva.
Benefícios? Muitos. O melhor deles, pra mim, é que ajuda a dormir. Sabe aquela história de uma xícara de leite morno adoçado com mel antes de ir pra cama? Pois é. Mas há outros:
* Fortalece o sistema imunológico
* Combate a fadiga
* Ajuda a controlar os níveis de colesterol no sangue
* Previne problemas cardiovasculares
* Faz bem para a digestão
* Ajuda a diminuir a pressão alta
Ah, e quem tem intolerância à lactose pode tranquilamente substituir o leite por qualquer leite vegetal que continua bom a beça! :)
Inté!